Durante o inverno algumas das principais artérias da cidade, bem como determinados pontos do Concelho, ficam rápida e facilmente inundadas, nomeadamente pelas dificuldades de drenagem. A água fica retida e acumulada na via pública, agravando os constrangimentos para os automobilistas no trânsito ou para os peões em zonas pedonais, em certos casos impedindo simplesmente a circulação rodoviária. Ano após ano repete-se este fenómeno, que tem vindo (e antecipa-se que continue) a intensificar-se, pelo que se torna necessário projetar soluções para resolver este problema.
Em zonas mais íngremes na periferia da cidade: Varatojo, Barro, Encosta de São Vicente, Boavista-Olheiros, perante cenários extremos inesperados, verifica-se a probabilidade crescente de ocorrer uma enxurrada de maior gravidade.
O facto destes lugares da freguesia de Santa Maria, São Pedro e Matacães estarem localizados em pequenas serras, e atenta a instabilidade dos terrenos, a chuva torna-se num risco para a população aí residente. Existem grandes massas de água “a descer rua ou escadaria abaixo”, constituindo uma ameaça aos cidadãos.
Por outro lado, diversas zonas do Concelho são ciclicamente fustigadas por cheias, como são o caso de Pedras Lages, Runa, Bairro Arenes, Choupal, Várzea, Paul, Fonte Grada, Ribeira de Pedrulhos, Gibraltar, Benfica, Ponte Rol, Soito, Bordinheira, Aranha e Foz do Sizandro (na área do Rio Sizandro) e A-dos-Cunhados, Casal Barreirinha, Casal Porto Rio e Maceira (na zona de influência do rio Alcabrichel).
Importa, pois, trabalhar para projetar e executar soluções técnicas, de médio-longo prazos, como a construção de túneis de escoamento, canais de dispersão ou desassoreamento dos rios, estruturantes para divergir ou conter a água em dias de grande pluviosidade.
Outras soluções estruturais devem também ser exploradas, visando, nomeadamente, um efeito de diminuição do caudal ou da altura de escoamento das cheias.
Essas e outras soluções, devem resultar de um Plano Municipal de Drenagem, como adotado por outros municípios no país, promovendo um quadro de gestão integrada da água.
Nesta solução existirá uma dupla mais valia: evitar cheias enviando água em excesso para os rios, assim como, permitir a poupança de agua aos cofres do Município porque a que é recolhida poderá ser utilizado, posteriormente, em regas de Parques Verdes e rotundas; contribuir para a lavagem da via pública; reduzir a fatura dos munícipes e “reforçar as redes de incêndio dos Bombeiros Voluntários, sendo um ponto de recolha de água com funções de apoio ao reabastecimento dos veículos de socorro” (conforme proposto no Programa Eleitoral do Movimento Cívico UNIDOS por Torres Vedras, p. 204, Tema 12. Proteção Civil e Segurança – Aumento da Resiliência do Território a Incêndios Florestais).
Há, por outro lado, a necessidade de capacitar crescentemente a população para adotar comportamentos defensivos e preventivos, de auto-proteção, bem como saber como atuar, pelo que o Plano deve integrar, também, medidas de informação e sensibilização pública a disseminar por todo o Concelho.
Finalmente, o Plano deve reunir informação estatística e dados que permitam um crescente conhecimento da população e dos intervenientes públicos e privados sobre as melhores medidas a adotar em circunstâncias de emergência, para além de dever permitir:
- Aumentar a perceção do risco de inundação e das estratégias de atuação na população e nos agentes sociais e económicos;
- Melhorar o conhecimento e a capacidade de previsão para a adequada gestão do risco de inundação;
- Melhorar o ordenamento do território e a gestão da exposição nas áreas inundáveis; e
- Melhorar a resiliência e diminuir a vulnerabilidade dos elementos situados nas áreas de possível inundação.